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Esperança em Gaza: milhares de palestinos voltam para casa

Ceasefire between Israel and Hamas goes into effect

Palestinians, who were displaced to the southern part of Gaza at Israel's order during the war, make their way along a road as they return to the north after a ceasefire between Israel and Hamas in Gaza went into effect, in the central Gaza Strip, October 10, 2025. REUTERS/Mahmoud Issa

Luz no fim do túnel — milhares de palestinos retornam após trégua entre Israel e Hamas

Depois de dois anos de combates intensos, o Oriente Médio volta a respirar um raro momento de esperança. O cessar-fogo entre Israel e o Hamas entrou em vigor nesta sexta-feira (10), marcando o primeiro grande avanço diplomático desde o início da guerra em outubro de 2023.

A trégua foi mediada pelo Egito, com apoio direto dos Estados Unidos e baseia-se em um plano elaborado no fim de setembro pelo ex-presidente Donald Trump, que propôs um cronograma de libertação de reféns, recolhimento de tropas e envio de ajuda humanitária à Faixa de Gaza.


Palestinos retornando para Gaza

Famílias voltam para os escombros — e para a própria terra

A cena mais simbólica deste acordo começou a se desenhar nas estradas poeirentas de Gaza.
Milhares de palestinos deslocados iniciaram a travessia de volta para o norte e o sul do enclave, muitos empurrando carroças, outros a pé, com crianças nos braços.

Estamos felizes, mesmo se voltarmos aos escombros. Pelo menos é a nossa terra”, disse Amir Abu Iyadeh, de 32 anos, enquanto atravessava o deserto em direção a Khan Younis, no sul.

As imagens mostram longas fileiras de civis sobre o eixo al-Rashid, na costa do Mediterrâneo, tentando regressar a bairros devastados. Em Gaza City, Ismail Zaida, 40, encontrou o que restava de sua casa: “O lugar foi destruído. As casas dos meus vizinhos sumiram. Bairros inteiros foram arrasados.

Apesar da destruição quase total, o retorno ao território natal representa, para muitos, um ato de dignidade e reconexão com a própria história.


O que prevê o acordo de cessar-fogo

O pacto, aprovado pelo gabinete israelense e pelo comando político do Hamas, inclui pontos decisivos:

  • Libertação de 20 reféns israelenses em até 72 horas.

  • Libertação de 1.950 prisioneiros palestinos, entre eles mulheres e menores de idade.

  • Retirada parcial das tropas israelenses de zonas centrais e do sul de Gaza.

  • Entrada imediata de comboios humanitários, levando alimentos, remédios e combustível.

O enviado especial dos EUA para o Oriente Médio, Steve Whitkov, confirmou que a primeira fase da retirada israelense começou ao meio-dia (horário local).
Enquanto o acordo se mantiver, caminhões com suprimentos terão acesso livre ao enclave para atender centenas de milhares de civis que vivem em tendas desde o colapso das infraestruturas básicas.


Netanyahu fala em “dia de alegria nacional”

Em discurso televisionado, o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu afirmou esperar que o país possa celebrar “um dia de alegria nacional” com o retorno de todos os reféns israelenses.
No entanto, reforçou que Israel manterá presença militar limitada em Gaza até que o Hamas seja desarmado e o território, desmilitarizado.

“Se isso for alcançado da maneira mais fácil, será bom. Se não, será alcançado da maneira mais difícil”, declarou Netanyahu.

A frase reflete a postura cautelosa do governo israelense, que vê o acordo como uma trégua condicional, não como o fim definitivo da guerra.


Gaza: uma cidade em ruínas

Nos arredores de Nusseirat e Khan Younis, tanques israelenses iniciaram movimento de retirada, mas disparos ocasionais ainda foram ouvidos durante a manhã.
Segundo moradores, alguns batalhões se deslocaram para o leste, em direção à fronteira com Israel, enquanto outros permanecem em posições estratégicas.

As autoridades israelenses alertaram que muitas áreas continuam extremamente perigosas, com risco de minas e explosivos não detonados.
Organizações humanitárias estimam que 80% das moradias de Gaza tenham sido parcial ou totalmente destruídas desde 2023.


Um futuro incerto — mas com sinal de esperança

Apesar do alívio imediato, analistas alertam que o cessar-fogo é frágil.
A reconstrução de Gaza exigirá bilhões de dólares e dependerá de apoio internacional coordenado.
Além disso, há divisões internas em Israel, com partidos de extrema-direita pressionando Netanyahu a retomar as operações militares.

Mesmo assim, a trégua atual é vista como o mais sólido avanço em dois anos de guerra, com envolvimento direto de Washington e mediação efetiva do Cairo.
Para muitos palestinos, voltar ao solo natal — mesmo em ruínas — é o primeiro passo para reerguer não apenas casas, mas também a esperança.


Análise: será o início de uma nova era para Gaza?

A implementação do plano Trump para Gaza marca um ponto de inflexão.
Se for cumprido integralmente, o acordo poderá abrir espaço para negociações de paz mais amplas envolvendo a Autoridade Palestina e outros países árabes.

Mas, como lembram analistas da BBC e da Reuters, qualquer avanço dependerá de garantias de segurança para Israel e de condições dignas de reconstrução para os palestinos.
Por ora, a paz ainda é apenas uma pausa — mas uma pausa que o mundo inteiro torce para que dure.


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