O Astros II (Artillery SaTuration ROcket System, ou Sistema de Foguetes de Artilharia para Saturação de Área) é um sistema de lançadores múltiplos de foguetes fabricado pela empresa brasileira Avibras. É capaz de lançar munições de diferentes calibres a distâncias entre 9 e 300 km, bastando trocar os casulos de onde se disparam os foguetes. É empregado para abater alvos de grande importância, além de alvos estratégicos. Pode ser empregado em defesa de solo, bem como na defesa do litoral, particularmente em operações contra desembarque anfíbio.
Foi desenvolvido em 1981 visando atender a uma demanda do Iraque, na época governado por Saddam Hussein, que se encontrava em guerra contra o Irã e necessitava de um sistema de armas que conseguisse deter a ofensiva iraniana. Ao mesmo tempo, foi pensado como um concorrente ao míssil argentino de média distância Condor II.
Após totalizar R$ 1 bilhão com vendas do produto entre 1982 e 1987, o Brasil se tornou o sexto maior exportador de armas. A Avibras, então, considerou o Astros II como sua arma mais rentável.[6]
Os veículos podem ser transportados por ar (aeronaves C-130 ou KC-390), trem ou navio. Uma bateria de mísseis e foguetes do sistema ASTROS é integrada pelos seguintes componentes: 6 AV-LMU, 3 AV-RMD, 1 AV-UCF, 1 AV-OFVE, 1 AV-PCC, 1 AV-MET e, futuramente, 2 AV-UAS. Um grupo de mísseis e foguetes, composto por três baterias de mísseis e foguetes (Bia Msl Fgt) e uma bateria de comando e serviços (Bia CSv), completa o sistema 1 AV-PCC.
O sucesso do sistema Astros II se deveu a possuir alta mobilidade e proteção blindada; concentração de grande volume de fogo sobre o alvo; reduzida tripulação; capacidade de estar preparado para pronto emprego praticamente o tempo todo com possibilidade de abater alvos a grande distância com reduzido tempo de resposta, possuindo calibres diferentes sobre o mesmo sistema; e que cada veículo pode ser transportado por aviões cargueiros.
Uso no Exército Brasileiro
O Exército Brasileiro adquiriu sua primeira unidade de Astros II no início dos anos 1990 e, até a unificação das unidades no 6º Grupo de Lançadores Móveis de Foguetes em Formosa, Goiás, possuía cinco baterias, sendo três de artilharia de costa e duas de artilharia de campanha, que estavam assim distribuídas: 6º Grupo de Artilharia de Costa Motorizada (6º GACosM), em Praia Grande, São Paulo; 8º Grupo de Artilharia de Costa Motorizado, em Niterói, Rio de Janeiro; 1º/10º Grupo de Artilharia de Costa Motorizado, em Macaé, Rio de Janeiro; 1ª Bateria de Lançadores Múltiplos de Foguetes (1ª Bia LMF), em Brasília; e 3ª Bateria de Lançadores Múltiplos de Foguetes, em Cruz Alta, Rio Grande do Sul. Tudo isso totalizava 20 veículos LMU, 10 RMD, 2 PCC, 2 UCF, 2 OFV e 2 MET.
Conflitos
Guerra Irã-Iraque:
O Astros foi entregue ao Iraque de Saddam Hussein para a Guerra contra o Irã, a tempo de ser empregado contra a ofensiva iraniana na Península de Al-Faw, ao sul do país.
Guerra do Golfo:
O maior reconhecimento das capacidades do sistema Astros talvez tenha sido feito pelas forças estadunidenses quando da Guerra do Golfo de 1991. Nessa altura, quando se tentava encontrar as posições dos tanques e carros de combate do Iraque, foi considerada da maior importância, para os militares estadunidenses, ter a garantia de que o Iraque não poderia utilizar os seus 66 Astros contra as forças da coalizão ou que a sua capacidade para os utilizar estava muito debilitada. Já na época, os veículos estavam em condição precária de operação.
Esta atuação por parte dos estadunidenses foi um reconhecimento da capacidade e letalidade do sistema que, podendo ser utilizado, poderia com o seu alcance e capacidade destrutiva, alvejar as grandes unidades que se preparavam para a operação Tempestade no Deserto. Essa operação só teve o seu início quando os comandos estadunidenses receberam confirmação da Força Aérea de que os Astros e Scud iraquianos haviam sido inutilizados.
Ao mesmo tempo, a Arábia Saudita adquiriu o Sistema Astros II e chegou a utilizá-lo, sob comando da coalizão liderada pelos Estados Unidos, contra as forças iraquianas com grande sucesso.
Foi documentado o uso de bombas de fragmentação (cluster) disparadas pelo Astros II em Khafji, no ano de 1991. Essas munições deixaram “um número significativo de submunições não detonadas”.
- Guerra Civil Angolana:
Durante a Guerra Civil Angolana, o sistema Astros ajudou Angola a derrotar as forças rebeldes da União Nacional para a Independência Total de Angola (Unita).
- Guerra Civil Iemenita:
Em 27 de outubro de 2015, durante a Guerra Civil Iemenita, pelo menos quatro pessoas foram feridas e várias submunições permaneceram não detonadas em um ataque das forças da Arábia Saudita à Ahma, em Saada, usando foguetes de fragmentação (cluster) disparados pelo Astros II. O objetivo militar conhecido mais próximo, no entanto, estaria a 10 km dali. Foram encontradas três submunições não detonadas, estando uma próxima de uma fazenda, uma próxima de um jardim e a outra perto de uma mesquita. Em 6 de dezembro de 2016, as forças sauditas lançaram um ataque ao bairro de al-Dhubat, também na cidade de Saada, às 20 h. O ataque ocorreu perto de duas escolas, próximas a Babe Najrã, reduto da milícia Houthi iemenita. O diretor de uma escola instruiu os alunos a não retornarem no dia seguinte, uma vez que as escolas tinham que ser vasculhadas para detectar restos explosivos, incluindo submunições não detonadas.
Operadores
Angola
Arábia Saudita: 60 viaturas Astros II
13º Batalhão de Artilharia
O Exército Saudita planeja formar um novo grupo com quatro baterias da versão MK-6, formadas por 40 a 60 viaturas.
Bahrein
Brasil
Exército Brasileiro: 38 viaturas Astros II MK-3: 20 LMU, 10 RMD, 2 PCC, 2 UCF, 2 OFV, 2 MET. Entre essas, 18 viaturas foram modernizadas no padrão Astros II MK-3M: 12 LMU e 6 RMD. 20 viaturas Astros II MK-6: 5 LMU, 5 RMD, 4 MET, 1 PCC, 2 UCF, 3 OFV até então.
6º Grupo de Mísseis e Foguetes, Formosa, Goiás:[32]
16º Grupo de Mísseis e Foguetes, Formosa, Goiás[32]
Corpo de Fuzileiros Navais: 12 viaturas Astros II MK-6 (1 bateria): 6 LMU, 3 RMD, 1 PCC, 1 OFVE e 1 MET
Catar: 1 bateria de viaturas MK-3 e anterior. A serem modernizadas
Líbia: Sabe-se que foi um dos três maiores compradores do sistema, ao lado do Iraque e da Arábia Saudita, tendo investido US$ 2 milhões para a compra do Astros. Porém, o número exato é indefinido
Malásia: 21 viaturas Astros II MK-6
Indonésia: Pelo menos 36 viaturas Astros II MK-6
Iraque: adquiridas inicialmente 66 viaturas (10 baterias), entre nacionais e a variante iraquiana Sajil-60. 40 sobreviveram até a invasão de 2003. Após isso, restam pouco mais de 20.
Potenciais clientes
Emirados Árabes Unidos: Embora tenha adquirido o HIMARS norte-americano, o país poderá adquirir uma bateria Astros II MK-6, caso o AV-TM 300 atinja o desempenho especificado.
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